segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Ele também foi professor


Além de seu talento musical, Carlinhos tinha muito jeito para ensinar. Por isso, juntamente com Arnou de Melo e Carlos Cória, monta, em abril de 1992, o primeiro instituto de música popular do estado de Santa Catarina.

Simpaticamente batizado de Dr. Muzik, fora instalado no edifício redondo, bem no centro de
Itajaí. Músicos de renome da região iam até lá só para ter aulas com Carlos. O curso, baseado no estilo do M.I., teria duração de nove meses. Seu currículo incluía: técnicas de postura cênica, de entonação vocal, de como se portar ao microfone, bibliografias, oficinas, treinos de ouvido, rock, blues, seminários e muito mais.

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O estudante de jornalismo Cristiano Lima foi assistir ao show da banda 4ª Redenção só para ver quem era o tal guitarrista Carlos Niehues. Cris, estava montando a banda Estatura Mediana com uns amigos da universidade e sentia necessidade de aprimorar sua técnica, tanto no violão quanto na guitarra.

Várias pessoas já haviam lhe dito que Niehues era “o cara” e que acabara de chegar dos Estados Unidos com uma técnica incrível, adquirida no Musicians Institute. Realmente, aquele magrelo, meio calvo, tocava de um jeito muito próprio, Cris estava impressionado. Dias depois, decide ir ao recém-inaugurado Instituto Dr. Muzik matricular-se nas aulas do músico. A primeira impressão em relação ao professor foi muito boa. 

Ao entrar na sala de aula, depara-se com seus dois companheiros de turma. Carlinhos ministrava aulas
para um máximo de três alunos por vez. “Eu lembro dele”, descreve Cristiano, “como um cara bem sereno, muito calmo, que falava baixo. Ele explicava muito bem, com muita tranqüilidade. Às vezes ele
tinha uma ‘pira’, enlouquecia, uma coisa de músico mesmo. Nos dava exercícios para estudar em casa, aí quando chegávamos na aula, ele dizia: ‘você faz uma harmonia assim, você faz outra assim, agora todo mundo solando!’. E isso, dentro da música, é uma coisa absurda, mas com ele dava certo”.

A escola teve vida curta, pouco mais de um ano. Em 93, Carlos tira a escola do centro de Itajaí, mas continua dando aulas em casa. Mais do que um professor, ele era um mestre. Comprometido com a profissionalização de seus discípulos, transmitia-lhes também habilidades como produção de shows, visualização mental da música, e, óbvio, negociação com donos de bar. Além disso, acompanhava
sorrateiramente o desenvolvimento profissional de seus alunos.

Por algumas vezes, surpreendeu Cris Lima, que já se apresentava profissionalmente em bares. Na época, o discípulo de Niehues tocava no bar Estação Final, na Barra Sul, em Balneário Camboriú. Carlinhos assistia sua performance posicionado estrategicamente no canto escuro do bar.

Acabado o show, Carlinhos aparecia para avaliar a apresentação. “Você usou muito bem aquela técnica que vimos na aula passada, mas no andamento tal, você poderia ter feito diferente”, criticava o mestre positivamente. Cris, entre o susto e o orgulho que sentia em ter seu trabalho elogiado, mal conseguia responder a Carlinhos. 

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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O Prefácio

              Guardo cada palavra dessa grande mestra em meu coração.
              Aprendi muito com você, Laura.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Curiosidades


Sempre brinco que a pessoa que mais me ajudou com a biografia de Carlinhos Niehues foi ele próprio. Organizado, ele mantinha uma pasta com a clipagem de tudo que era publicado sobre ele na imprensa. 
Além de desenhos rabiscados em guardanapos, letras de música manuscritas em papel sulfite.
A mãe dele, a encantadora dona Wilma, ficou com este material e gentilmente me emprestou. 

Tenho muito carinho por essa família e por essa história que se mesclou a minha própria.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Nosso primeiro encontro

Sempre me emociono quando conto às pessoas como conheci o trabalho do Niehues. Foi quase por acaso. Por volta de 1996, 1997. Eu cantava em um coral e um dia fomos ao Pavilhão da Marejada, em Itajaí, para ouvir o lançamento de um CD que reuniu diversos corais da cidade.

Sob regência de Normélio Weber, o Coral da Univali cantou a música Ares de Verão. Foi lindo. Óbvio que comprei o CD na busca por conhecer quem teria composto uma canção tão verdadeira.

Não encontrava nada. A internet não era tão popular há cerca de 15 anos. Bom, tempos depois um amigo me contou que tinha o CD Diamante e me emprestou. Admirei ainda mais o trabalho de Niehues, mas ainda sem saber nada sobre sua pessoa.

O tempo passou. Entrei para a universidade e em 2002 me deparei com a escolha do tema para meu TCC. Nem lembro como foi, mas em dado momento me veio à mente fazer algo sobre Carlinhos Niehues, escrever sua biografia.

E assim, foi. Mas isso é tema para um outro post.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Empty Sunday


“A história da música Empty Sunday se resume assim: na época em que morei nos EUA, quase todos os dias passava por mim um rapaz e me cumprimentava. Foi assim por alguns meses, até que o camarada desapareceu. Muito tempo depois, num domingo, eu saía de um supermercado com a Aninha, já colocava as compras no carro quando um sujeito se aproximou. Ele me chamou a atenção por que estava todo maltrapilho, cheirando mal. Veio pedir dinheiro. Pude reconhecer perfeitamente, ele era o camarada que sempre me dizia oi. Cheguei em casa com aquele sentimento de vazio, não conseguia parar de pensar. Há pouco tempo, a gente era jovem, estava inteiro e agora assim, acabado. Peguei o violão e começaram a sair as notas tristes da canção...” 

depoimento de Carlinhos Niehues durante show Antigo Lugar” em 1993 no Teatro Adelaide Konder


terça-feira, 3 de julho de 2012

Livro: O Antigo lugar de Carlinhos Niehues

Resolvi compartilhar na íntegra, a biografia de Carlinhos Niehues, 
que escrevi em 2004 como trabalho de conclusão do curso de Jornalismo.


Tenho muito orgulho deste trabalho. 


Por isso, se você tiver curiosidade para ler, fique à vontade para fazer o download.
Se precisar utilizar algum trecho, pode reproduzi-lo, mas faça a gentileza de citar a fonte.


Clique aqui, para baixar o PDF.

Vênus da Estrada


Pé de Moleque


Machuquei meu pé
Quando caminhava descalço
no encalço
Das pedras raras do muro de Berlim
Espetei meu pé
Quando partilhava da dança - esperança
Das cores rars "Mandela - Marfim"
Sobre o piso de pelúcia
Passos leves de camurça
Sapatinhos de Imelda Marcos
Carrapatos, Carapuça
Vai pra Meca, vai pra Roma
Vai pra longe o velho monge
Tão careca de tanto rezar
Pela paz… Tanto faz
Em que língua vai querer rimar
Na arena os leões
São dragões aço
Que abusam do espaço dourado do paço
de El Salvador
E no ar ligeira
Águia estrangeira que parte do norte
Vem mudar a sorte…
Presas de isopor
Sobre a aerie movediça
Herculóide de bobiça
Leva o mundo sobre os ombros
Mambos, tombos, tangos e malícia
Mas só se pisa no mundo
Se os pés deixarem marcas
De um retorno mais profundo…
Pela paz…
Tanto faz
Em que língua vai querer rimar

Letra de música : Season Of The Sun


The Season of rain, always invites me

With cotton candy clouds white the sky
And rain is sweet in the season
And if star flies, right through the sky
Its fight with desire, passion and hope it flies
with wings of a dove
With mighty wings
Such are the moments of my life
These images complete our circle in peace
No lovers, daggers, no words of rage
can destroy our dream,
We're fighting with time, that's how it should be
Inventing ways to ease the pain to dance,
To dance in the rain, children of joy again
Forever and away
It is enough to want to be here
Is there no light? That is good
Our love, our pearl will shine
Spending the night with stars and moon
That is all right
Ouça Aqui: